SOBRE CO2LLECT

O CO2LLECT é uma ideia com potencial para ser transformada num projeto-piloto inovador, que consiste na instalação de filtros, nas indústrias de cal e centrais de produção de energia elétrica de biomassa, para capturar CO2 que pode ser utilizado, posteriormente, em inúmeras aplicações, como, por exemplo, na produção de materiais de construção. Com a implementação desta ideia as indústrias e cal e centrais de biomassa terão uma vantagem económica adicional, na redução de impostos, e no seu reconhecimento como empresas com certificação sustentável.

A concretização da ideia CO2LLECT num projeto-piloto contribuirá, de forma significativa, para a promoção de um esforço conjunto (regional e nacional) para combater o aumento do efeito de estufa no Planeta e, desta forma, mitigar as consequências das alterações climáticas e, com isso, validar a sua aplicação à escala global.

EFEITO ESTUFA

O efeito estufa é um processo natural benéfico à manutenção da vida na Terra que ocorre na atmosfera do Planeta que é responsável por manter a temperatura amena e sem grandes variações.

Devido às atividades humanas, as concentrações atmosféricas globais de gases com efeito de estufa (GEE) têm vindo a aumentar desde 1750, principalmente de dióxido de carbono (libertado com queima de combustíveis fósseis, processos industriais e desmatamento) e do metano (resultado das atividades de pecuária e bovina), e o efeito estufa foi aumentando passando a causar o aquecimento progressivo do Planeta, acarretando, com isso, inúmeros riscos e consequências negativas nos ecossistemas e na sobrevivência da espécie humana.

Embora a taxa de concentração de CO2 na atmosfera atualmente seja apenas 0,04%, trata-se do valor mais alto registrado nos últimos 800 mil anos. Em 2018 as emissões de CO2 provenientes de atividades industriais atingiram um valor histórico de 37,1 mil milhões de toneladas.

PRODUÇÃO DE CAL

A produção da cal dá-se a partir do calcário (CaCO3) e têm como produto final a cal ativa (CaO) e o dióxido de carbono (CO2). A cal utilizada na construção civil é designada de cal hidratada, para se obter essa composição é necessário criar uma reação a partir da cal virgem (CaO) com a água (H2O). 

Apesar da indústria de produção de cal ter como produto final da reação, a cal em pó e o gás carbónico, o uso da cal em argamassas apresenta vantagens ambientais, pois, por sua vez, durante o endurecimento da cal, ela reage com o CO2 presente na atmosfera, fixando-o como carbonato de cálcio ou de magnésio. Assim a ''rocha carbonatada'' original utilizada na redução de cal é reconstruída quimicamente, mais tarde, praticamente anulando as emissões de dióxido de carbono que foram emitidas na sua produção.

Em Portugal, as indústrias de cal estão concentradas, principalmente, na ''região'' do Ribatejo, mais precisamente na cidade de Santarém, devido a quantidade de calcário presente na área. 

PRODUÇÃO DE ENERGIA ATRAVÉS 

DA BIOMASSA

Biomassa é toda matéria prima orgânica de origem vegetal ou animal utilizada na produção de energia. 

Por meio da biomassa é possível gerar energia, biogás e combustível de forma sustentável, pois a queima de biomassa provoca a libertação de dióxido de carbono para a atmosfera, mas, como este composto havia sido previamente absorvido pelas plantas, o balando de emissões de CO2 é considerado nulo. A maioria das indústrias de energia da biomassa utilizam florestas energéticas como matéria prima, são plantações florestais de curta duração com um grande número de árvores por hectare; são plantadas com o objetivo de evitar a pressão da destruição das florestas naturais. As principais espécies de madeiras das florestas energéticas são os eucaliptos, os pinheiros e as acácias. As madeireiras portuguesas estão, na sua maioria, localizadas na região da Beira Litoral e Entre Douro e Minho.  

Atualmente as empresas já não investem tanto nesse tipo de indústria elétrica devido ao imposto da madeira (19% IVA) ser muito mais elevado em comparação ao do gás natural (5% IVA), no entanto, entretanto 55% da energia elétrica renovável produzida em Portugal vem da biomassa. 

VANTAGENS DO CO2LLECT

Comparado aos outros métodos de captura de CO2, o CO2LLECT seria, além de mais eficiente, o mais ecológico, pois não ocuparia grandes áreas, que poderiam ser utilizadas para vegetação nativa; também não gastaria água, conservando os recursos hídricos, e não traria nenhum dano a fauna e flora local, preservando a biodiversidade e aumentando a qualidade de vida das pessoas.

Já as vantagens econômicas seriam: lucro na venda do dióxido de carbono, na redução de impostos que teria nas empresas (se não emite CO2 não é necessário pagar pelos impactos causados pela sua emissão), nos certificados de sustentabilidade que a empresa receberia (LEED, Carbon Trust Standard, BREEAM) juntamente com o reconhecimento da marca a nível global, por fim, no aumento da qualidade de vida da população que vive próxima da indústria. No entanto, a vantagem, mais significativa seria a promoção de um esforço para combater o aumento do efeito de estufa no Planeta. 

CANDIDATURA

Ideia selecionada pelo Programa Promove 2019 - Regiões Fronteiriças (da Fundação ''la Caixa'').

Janine Ayoub e Mantas Sevelkovas, são autores desta ideia, e estudantes de arquitetura da Universidade da Beira Interior. Foram vencedores do Prémio We Are Water do Concurso One Day Design Challenge, 3ª edição em Portugal.

O mentor da candidatura, João Castro Gomes, é professor catedrático da Universidade da Beira Interior, e desenvolve investigação em cimentos e materiais que absorvem e endurecem com CO2. Foi vencedor do primeiro prémio Climatelaunchpad Global, em 2018, organizada pela EIT Climate-KIC e do primeiro prémio da Fundação Manuel António da Mota também em 2018.